A Escola de Música da UFRN promove, nos dias 27 e 28 de maio, duas atividades especiais com músicos de destaque no cenário internacional. A programação é organizada pelo professor Anderson Pessoa (saxofone/EMUFRN) e faz parte das ações de internacionalização e formação avançada oferecidas à comunidade acadêmica.
Mike Tracy – O Embaixador do Jazz Na segunda-feira, 27 de maio, às 16h na sala 21, acontece a masterclass com o saxofonista norte-americano Mike Tracy, um dos mais respeitados educadores de jazz dos Estados Unidos. Com mais de 45 anos de carreira como performer e professor, Tracy é conhecido por suas abordagens inovadoras no ensino do jazz e por sua atuação internacional. Já lecionou e se apresentou em mais de 25 países, tendo atuado como Especialista Fulbright na Estônia, Geórgia e Equador. Em 2024, iniciou o primeiro programa de jazz do Quênia, junto ao projeto Ghetto Classics, com sede em Nairóbi. Sua masterclass será voltada para músicos de todos os níveis interessados em aprofundar seus conhecimentos no universo do jazz.
Diego José da Silva – Música como ponte cultural Na terça-feira, 28 de maio, também às 16h na sala 21, será realizada a palestra com o percussionista, educador e compositor brasileiro Diego José da Silva. Radicado nos Estados Unidos, Diego desenvolve uma carreira que une performance, educação musical e engajamento comunitário, com foco em jazz, música brasileira e latin jazz. Com mais de 20 anos de experiência e formação sólida tanto no Brasil quanto nos EUA, ele é atualmente doutorando em Jazz Studies na University of Northern Colorado, onde atua como docente, diretor de conjuntos e pesquisador. Sua palestra abordará o tema “Estude nos EUA”, oferecendo orientações sobre oportunidades de formação internacional e reflexões sobre a música como ferramenta de identidade e transformação social.
As atividades são gratuitas e abertas à comunidade da EMUFRN.
Arranjo de egresso da EMUFRN integra concertos da Orquestra Sinfônica da Islândia
Vitória Mendes – Agecom/UFRN
É unânime a importância do potiguar Aldo Parisot para a arte norte-riograndense e brasileira. Músico, pedagogo, pintor e professor, reconhecido mundialmente como um dos maiores violoncelistas de todos os tempos, é também uma influência para as novas gerações de musicistas. Feito para o ensemble de violoncelos em homenagem aos 100 anos do potiguar, celebrados em 2018, o arranjo de Bruno Lima, bacharel em Música pela Escola de Música da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (EMUFRN), está programado para integrar a temporada oficial de concertos da Orquestra Sinfônica da Islândia em 2025.
A inclusão da obra com o arranjo do egresso ocorreu após a participação de Fábio Presgrave, docente e diretor-adjunto da EMUFRN, como professor convidado no Festival de Tallinn, em 2024, ao lado de outros profissionais da Estônia, Lituânia, Dinamarca e Islândia. Para a montagem do concerto com os estudantes dos países bálticos, foram escolhidas Bachiana N° 5, de Heitor Villa-Lobos, e Casinha Pequenina, com o arranjo feito por Bruno Lima, que contou com a colaboração de Fábio na seleção das obras.
Após a apresentação no festival de violoncelos da Estônia, Presgrave afirmou que, especialmente, a peça com o arranjo de Bruno encantou os participantes e o público presente. Sigurgeir Agnarsson, um dos professores participantes em Tallinn e primeiro violoncelo da Orquestra Sinfônica da Islândia, foi um dos muitos admiradores da versão. O músico foi responsável por levar a peça ao grupo e, posteriormente, por sua inclusão na temporada oficial.
Bruno Lima em umas das suas apresentações com o violoncelo – Foto: Arquivo pessoal/Bruno Lima.
Bacharel em Música pela UFRN desde 2021, Bruno Lima também é mestre pela Academia Sibelius, em Helsinque, Finlândia. Sobre a produção da peça, o musicista destaca que escreveu o arranjo de Casinha Pequenina para o ensemble de violoncelos em homenagem aos 100 anos de Aldo Parisot. “Havia uma versão bem simples para piano e a gravação de Sílvio Caldas serviu de inspiração, além de alguns elementos da Bachiana N° 5 de Villa-Lobos, que foi uma grande referência de peça para ensemble de violoncelos”, conta.
A notícia da inclusão de seu arranjo na programação da temporada oficial da Orquestra Sinfônica da Islândia foi uma surpresa muito positiva para Bruno. “Saber que meu arranjo foi escolhido para ser interpretado por músicos de alto nível é uma grande honra e uma validação do meu trabalho como arranjador e compositor. Participar de uma temporada oficial de uma orquestra tão prestigiada é uma experiência indescritível”, destaca Bruno, que recebeu a notícia de Fábio Presgrave, seu antigo professor.
A Orquestra Sinfônica da Islândia
Por definição, orquestra é um conjunto musical formado por diversos músicos com uma composição que une diferentes famílias de instrumentos, entre eles cordas (como o violoncelo), percussão e sopro, criando uma combinação complexa para interpretar peças de música clássica e outros gêneros.
Fábio Presgrave (à direita) no Festival de Cellos em Tallinn, em 2024 – Foto: Arquivo pessoal/Fábio Presgrave
A Orquestra Sinfônica da Islândia é o grupo nacional daquele país. Em 2025 completa 75 anos de existência, sendo considerada uma das instituições mais prestigiadas no cenário cultural local. Suas temporadas anuais têm uma importante notoriedade no contexto musical internacional, com concertos por toda a Europa e outros continentes. O grupo também possui diversas indicações e prêmios em sua história, mais recentemente teve a indicação ao Grammy de melhor performance orquestral em 2021 e ganhou na categoria de melhor artista de grupo em música clássica e contemporânea no Icelandic Music Awards, também em 2021.
Fazer parte ou ter a obra selecionada para integrar o circuito musical é um símbolo muito especial para qualquer artista e, ainda mais significativo, pela dificuldade, estar nas apresentações anuais de um grupo internacional. Para o diretor-adjunto da EMUFRN, a conquista do seu ex-aluno é muito expressiva. “Entrar nessas temporadas artísticas de alto nível é muito difícil e mostra que, além de ser um grande violoncelista, Bruno é um talento como arranjador”, destaca Presgrave.
Sentimentos e significados
Participar de uma temporada oficial de orquestras internacionais representa uma conquista importante na trajetória de qualquer músico. Para o ex-discente da UFRN, essa experiência traz uma combinação de orgulho, gratidão e motivação, além de estimular a busca por novos caminhos para expandir sua linguagem artística.
Bruno Lima (à direita) tocando uma versão para violoncelo e violão de Casinha Pequenina, em Sibelius Museum, na Finlândia, em 2023 – Foto: Arquivo pessoal/Bruno Lima
O violoncelista destaca o significado dessa oportunidade. “Ver a música brasileira sendo interpretada por músicos tão talentosos em diferentes lugares do mundo através dos meus arranjos é a concretização do meu objetivo de difundir a música do nosso país e principalmente do meu nordeste”, ressalta Bruno Lima.
A escolha de Casinha Pequenina para integrar os concertos da Orquestra Sinfônica da Islândia tem um significado especial para a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e sua Escola de Música. O fato de uma obra criada por um egresso fazer parte da programação de uma instituição de alto prestígio internacional destaca a qualidade da produção acadêmica e musical da UFRN, atraindo reconhecimento não apenas em território nacional, mas também fora do Brasil. “É uma coisa muito, muito fora da curva e que mostra, sim, que dentro da UFRN estamos fazendo um trabalho que está ressoando em outros países, não apenas em outros estados do Brasil”, conclui Fábio Presgrave.
A Escola de Música da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) recebe, neste mês, uma delegação de nove músicos da renomada Academia Sibelius, de Helsinque, em comemoração aos 10 anos de parceria entre as instituições. Esse intercâmbio tem sido fundamental para a formação de músicos potiguares e o fortalecimento da colaboração acadêmica entre Brasil e Finlândia.
Desde o início da parceria, seis alunos da UFRN tiveram a oportunidade de estudar em Helsinque com apoio financeiro do Programa Erasmus, cobrindo tanto a passagem quanto a bolsa de subsistência. A qualidade do ensino da Academia Sibelius, consistentemente classificada entre as melhores universidades de música do mundo, tem contribuído para o desenvolvimento profissional desses estudantes. Um dos destaques dessa trajetória é o fagotista Alan Davidson, ex-aluno da UFRN que participou do intercâmbio e, atualmente, integra a distinta Orquestra da Rádio de Helsinque.
A parceria entre as instituições também favoreceu a vinda de estudantes finlandeses para Natal, que passaram semestres acadêmicos na UFRN e participaram de projetos sociais ligados à universidade. A internacionalização da música tem possibilitado experiências enriquecedoras não apenas para alunos de pós-graduação, mas também para estudantes dos cursos técnicos e de extensão. Um exemplo marcante foi a atuação de uma aluna da Sibelius na cidade de Caicó, onde trabalhou com as meninas do Projeto Aldo Parisot da UFRN, culminando na gravação de um emocionante vídeo (.https://www.youtube.com/watch?v=BqXgkZwUGSQ).
Além disso, o intercâmbio está conectado ao Global Music Programme da Academia Sibelius e ao Elsa Brule Centre for Global Music and Community Engagement, ampliando as oportunidades de colaboração intercultural. O professor Nathan Riki Thomson, da Sibelius Academy, também lidera um projeto de pesquisa relacionado a essas atividades, investigando os benefícios recíprocos da colaboração intercultural na educação musical e no desenvolvimento comunitário.
Para comemorar esses 10 anos de parceria, oito estudantes de Mestrado e um professor da Academia Sibelius estão vindo ao Rio Grande do Norte. Os alunos vêm de diversas nacionalidades, incluindo Tanzânia, Peru, Bangladesh, Irã, Finlândia, Colômbia e Suíça. Eles estarão acompanhados pelo professor Adriano Adewale, virtuose da percussão.
Os músicos trabalharão com alunos de três importantes projetos sociais do RN: a Ilha de Música, a Conexão Felipe Camarão e Tocando a Vida com D´Amore. A colaboração culminará em um concerto especial no dia 28 de março, às 19h, no Auditório Onofre Lopes da Escola de Música da UFRN. Os ingressos deverão ser retirados nos dias 26 e 27 de março na Coordenação de Eventos da Escola de Música. Caso haja ingressos remanescentes, eles estarão disponíveis no dia do concerto, a partir das 18h. A entrada é gratuita.
A vinda da delegação finlandesa reforça a importância do intercâmbio cultural e acadêmico na formação de músicos e na ampliação do alcance social da música. O evento contará com atividades pedagógicas, concertos e interações com estudantes e professores da UFRN, reafirmando o compromisso das duas instituições com a excelência na educação musical e a cooperação internacional. Após o concerto em Natal, a equipe seguirá para Caicó para trabalhar com as meninas do Projeto Aldo Parisot no CERES/UFRN fortalecendo ainda mais as iniciativas de educação musical inclusiva na região.